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A arte de Sophia ...



«Comecei a inventar histórias para crianças quando os meus filhos tiveram sarampo. Era no inverno e o médico tinha dito que eles deviam ficar na cama, bem cobertos, bem agasalhados. Para isso era preciso entretê-los o dia inteiro. Primeiro, contei todas as histórias que sabia. Depois, mandei comprar alguns livros que tentei ler em voz alta. Mas não suportei a pieguice da linguagem nem a sentimentalidade da "mensagem"; uma criança é uma criança, não é um pateta. Atirei os livros fora e resolvi inventar. Procurei a memória daquilo que tinha fascinado a minha própria infância. Lembrei-me de que quando eu tinha 5 ou 6 anos e vivia numa casa branca na duna - a minha mãe me tinha contado que nos rochedos daquela praia morava uma menina muito pequenina. Como nesse tempo, para mim, a felicidade máxima era tomar banho entre os rochedos, essa menina marinha tornou-se o centro das minhas imaginações. E a partir desse antigo mundo real e imaginário, comecei a contar a história a que mais tarde chamei Menina do Mar. Os meus filhos ajudavam. Perguntavam:
- De que cor era o vestido da menina? O que é que fazia o peixe?
Aliás, nas minhas histórias para crianças quase tudo é escrito a partir dos lugares da minha infância.»

Sophia de Mello Breyner Andresen, De que são feitos os sonhos

Comentários

  1. Adoro Sophia!!!
    As histórias dela têm magia!!!
    Quando começo a ler um livro de Sphia parece que estou a ver tudo em 3D.

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  2. Só agora começo a explorar "A Nossa Galeria", mas tens razão Fernanda.
    Sophia é única, adoro-a !!!

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