De facto, mais do que um aparelho de comunicação, o telemóvel há muito que se tornou uma extensão das próprias mãos, um objeto sem o qual não podemos estar sob pena de sofremos crises de ansiedade, um acessório de moda cuja capa pode até combinar com a roupa do dia.
E não, já não é apenas um fenómeno restrito aos adolescentes. Daqui até à ocorrência de exageros manifestamente ridículos e constrangedores foi um passo.
Agora, em qualquer lugar, a qualquer hora e em todas as circunstâncias (das mais às menos formais), o telemóvel é o centro de tudo (valha-nos que o toque do iPhone é mais simpático do que o dos velhinhos Nokia).
O que está em causa – e o que, uma vez mais, me leva a escrever sobre este tema -, é que quando estamos a comunicar face-a-face com alguém e nos agarramos ao telemóvel, a mensagem que transmitimos a essa pessoa é “Neste momento não és importante, não mereces a minha atenção, não posso nem quero perder o meu tempo contigo: o que ou quem tenho aqui tem muito mais valor”.
Que exagero, que disparate, não é nada disso, dirão alguns. Felizardos os que nunca se sentiram preteridos nem incomodados pela abusiva utilização que alguém deu a este indispensável aparelho, num determinado momento.
Então, vamos recordar, que em situações formais, que à mesa de refeições, que em cerimónias religiosas ou locais de culto, que em hospitais, que em velórios e funerais, que em espetáculos (para só referir as circunstâncias mais flagrantes) o telemóvel deve estar em silêncio e o seu uso deve ser restrito a situações de emergência ou realmente importantes e, mesmo assim, de forma discreta. Quando estamos com alguém a quem, tão só e naquele momento, precisamos ou devemos dar e receber atenção, abdiquemos uns instantes do telemóvel.
Porque comunicar é mais do que telefonar, atualizar o Facebook ou mandar SMS’s. Comunicar é criar e alimentar relações numa via que tem dois sentidos…
Susana Fernandes | Visão
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