As crianças gostam de consistência e previsibilidade. Por isso dizem “não” para evitar o desconhecido “Eu não quero comer essa coisa verde!”, para evitar a mudança "Eu não quero passar a ir a pé para a escola, prefiro ir de carro”, para evitar o fracasso “Eu não quero andar de bicicleta”, e para evitar a perda de controlo ”Eu não quero ir para a escola”.
Sem o desejarmos, por vezes contribuímos para a manutenção de comportamentos pouco adequados, ao prestarmos mais atenção ao nosso filho quando ele não está a colaborar do que quando colabora, ao não valorizarmos tanto quando ele diz “sim”, como quando ele diz “não”. Com este procedimento da nossa parte, as crianças aprendem que não colaborar é uma estratégia fácil para obter a atenção dos pais.
Outro aspeto a realçar é que as crianças não têm a mesma noção de tempo que os adultos, e por isso não entendem a urgência dos pais em certas ocasiões. Os pais, por sua vez, vivenciam a demora ou a recusa da criança como um desrespeito, gera-se um desconforto relacional na família. Recorde-se, por exemplo, que as crianças precisam de mais tempo que o adulto para tomarem o pequeno-almoço.
Antes de reagir negativamente quando o seu filho diz "não", coloque estas perguntas a si próprio
Como é que eu me sentiria se estivesse no lugar do meu filho? Levar em consideração o ponto de vista do seu filho. É o primeiro passo para encontrar formas de o motivar a colaborar na promoção de comportamentos / escolhas saudáveis.
Estará cansado sempre de comer peixe da mesma maneira?
Será que está a ver o seu programa favorito, e por isso não o ouve?
A melhor maneira de fazer com que o seu filho o escute é ouvi-lo!
Quais são as capacidades do meu filho? Será que as suas expectativas enquanto pai/mãe não estarão a ser muito elevadas?
O seu filho entende as palavras que está a utilizar? As mensagens de são de para crianças devem centrar-se essencialmente no positivo: sentir-se bem, ficar mais crescida, ter mais vontade de brincar e aprender.
Quantas instruções o meu filho é capaz de seguir? Se pedir ao seu filho para se vestir, tomar o pequeno-almoço, desligar a televisão e lavar os dentes, será que ele vai lembrar-se de fazer cada uma dessas coisas? Seráque ele é capaz de seguir as suas instruções sem se distrair? Uma estratégia possivel é, depois de ele mostrar que é capaz de seguir uma instrução, tentar dar-lhe duas e assim sucessivamente (com limites!)
Será que o meu comportamento corresponde ao que eu digo?
O seu filho costuma ver os pais a comer sopa?
A tomar o pequeno-almoço antes de sair de casa?
A subir as escadas em vez de ir no elevador?
A fazer atividade física?
A preferir água a um refrigerante?
Recorde-se, as crianças aprendem pelos exemplos, pelo contexto onde estão inseridos!
A criança por natureza é curiosa, gosta de aprender. Estas suas qualidades são potenciadas perante um ambiente coerente com a mensagem que queremos transmitir: O nosso filho aprende a ter uma alimentação saudável na medida que lhes forem servidas refeições saudáveis e que constata que também os pais têm comportamentos alimentares saudáveis. Estimule o gosto pela atividade física, praticando-a e associando-a a momentos de diversão.
Facilite a construção de auto-confiança e autoestima do seu filho, ajudando-o a tomar decisões, a cumprir instruções e a aceitar/reconhecer as consequências dos seus comportamentos. Por exemplo, estimule-o a pensar como se sente quando faz atividade física, quando consegue resistir a comer um pacote inteiro de bolachas enquanto vê televisão.
Algumas técnicas positivas para motivar as crianças
Compreensão
Mostre ao seu filho que reconhece que seja difícil para ele, por exemplo, almoçar no refeitório, quando alguns/muitos dos seus amigos não o fazem. E explique mais uma vez os motivos subjacentes ao ritual de almoçar no refeitório da escola. A atitude de reconhecer o sentimento do seu filho não significa ingenuidade da sua parte ou que concorde com tudo, mas sim que o compreende, que respeita as suas opiniões, o que consequentemente o motiva a colaborar consigo. Pode negociar com ele qual o dia da exceção ao ritual de almoçar no refeitório. Esta estratégia pode ser aplicada a outros comportamentos alimentares ou de atividade física. Se estiver sempre a ralhar com ele, ele acabará por deixar de lhe prestar atenção e aprenderá a usar estas mesmas táticas ofensivas com as outras pessoas.
Ensine dando a escolher
Quando permite que o seu filho escolha (entre as opções saudáveis acessíveis/existentes em casa) está a dar-lhe a oportunidade de ele praticar as competências da tomada de decisão. Por exemplo, pode dizer-lhe “Podes comer uma maça ou uma banana, a escolha é tua”.
Estas são apenas algumas estratégias possíveis, de certeza que encontrará outras, basta parar e olhar para o seu filho!
Fatima Reis
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