Mas eu
quero falar-vos de outra coisa. Eu sou a menina Ba e normalmente chamam-me a
senhora Ba, o que me aborrece muito. Pronto, está dito. Mas vamos voltar à
lição de dança.
Mas ainda antes, se querem um
provérbio eu dou-vos um: dançar debaixo do sol dá mais saúde que dançar debaixo
de uma placa de betão que esteja prestes a cair. Estou a brincar. Mas a verdade
é que dançar debaixo do sol dá muita saúde. Se dançares 66 vezes debaixo do sol
terás muita saúde. Claro que, debaixo de uma lâmpada, mesmo com mais de 150
volts, não tem os mesmos efeitos: é a diferença que existe entre a comida
natural e a comida artificial. É mais saudável dançar debaixo do sol do que
debaixo de uma lâmpada.
E a propósito de dietas há tontos
que fazem uma alimentação fragmentada, não sei bem porquê. É assim: pões um
enorme bocado de carne no teu prato. Depois, divides esse bocado de carne por
dois. Depois divides um desses bocados por dois e novamente um dos bocados
resultantes por dois e depois divides por dois e, assim sucessivamente, até
teres, não um bocado de carne, mas um fragmento de carne, algo que esteja no
limite do invisível, como se fosse um electrão de carne ou mesmo um quark de
carne - sabem o que é um quark, não? Pois bem, isto é uma metodologia possível,
mas um pouco louca, sim: meia dúzia de electrões de carne por dia e tens uma
dieta fragmentada – ou seja constituída por fragmentos. Se isto não resultar –
e provavelmente não resulta pois ficarás com fome - volta ao teu prato e olha
para aquela metade da carne inicial que tu não dividiste, lembras-te? Portanto,
metade do enorme pedaço de carne inicial: pegas nele com delicadeza e, depois,
metodicamente, tranquilamente, sistematicamente, organizadamente,
decididamente, engoles de uma vez esse enorme pedaço de carne e depois, com a
mão a esfregar a barriga como se ela fizesse o circuito a pé à volta de um
relógio, dizes: Hum, que maravilha!
Eis um conselho sobre
alimentação, fiquem com ele.
E a senhora Ba depois disse:
Para perceberem melhor, vou
dançar a dança da alimentação por fragmentos – os tais seis electrões de carne
por refeição; e depois vou dançar a dança da dieta que devora metade de um bife
enorme; e digo-vos já que metade de um bife enorme pode ser ainda muito grande,
é uma questão de fazerem as contas. Aqui vai, então, primeiro, a dança da dieta
dos fragmentos. Uma dança leve, portanto.
(E a senhora Ba dança uma dança
leve.)
Agora a dança que corresponde à
metade do bife enorme. Uma dança pesada.
(E a senhora Ba dança uma dança
pesada.)
Estão a ver as diferenças? Em
termos quantitativos é passar de uma dança de seis electrões para uma dança de
450 gramas. Parecendo que não, é uma grande diferença.
Aliás – disse a senhora Ba – seria
interessante eu agora dançar uma dança que fosse a diferença entre as duas. Ou
seja, a diferença entre 450 gramas e seis electrões. Ora bem, pela matemática
antiga, 450 gramas menos seis electrões, dá mais ou menos 449 gramas e uma
quantidade muito grande, mas indeterminada, de electrões.
Vou tentar, então, não pensem que
é fácil, vou tentar dançar a dança de 449 gramas e uma quantidade muito grande,
mas incerta, de electrões. A vossa atenção por favor.
(A
senhora Ba dança.)
Depois a senhora Ba agradece:
- Esta foi a lição sobre o peso
da dança. Há danças pesadas, danças leves e danças assim-assim. Escolham a
vossa. Muitíssimo obrigado pela vossa atenção.
Gosto bastante das danças mais leves...
ResponderEliminarAdorei, o texto é muito interessante tal como todos os outros!!!!
Não sou assim tanto de danças, mas concordo com a Mariana
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