- É urgente que os pais se deixem surpreender pela
parentalidade. É precioso que se informem, claro, mas é indispensável que
percam o medo dos seus erros (sem os quais nunca passarão da intenção de
serem pais à parentalidade).
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É urgente que os pais escutem as crianças mas que decidam por elas. É urgente
que opinem mas que não vacilem quando se trata de as obrigar a ser autónomas.
Pais presos na sua própria infância não são pais: são crianças à procura de
colo. Não educam nem são educáveis. Replicam os erros e os enredos que os
atormentaram toda a vida.
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É urgente que os pais admirem os filhos - o seu engenho, o lado afoito que eles
têm (que se renova, todos os dias) e a sua mais versátil manhosice - mas
que não percam de vista que só a sabedoria dos pais os legitima para amar (e
que a ela nunca se chega sem dúvidas, sem dilemas entre gestos de sentido
contrário e sem contradições).
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É urgente que os pais olhem nos olhos, sempre que falam com a voz e com as
mãos, ao mesmo tempo. E que chorem, sempre que lhes apeteça, e que resinguem e
se lamuriem, que façam uma ou outra birra e, sempre que querem mimo, que
intimem (sem mais explicações) um filho a dá-lo.
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É urgente que os pais deem colo todos os dias. E que falem todos os dias. E que
abracem e beijem todos os dias. Que se sentem no chão, inventem uma historieta
e contem graçolas todos os dias.
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É urgente que os pais, quando não têm nada para falar, não perguntem como
correu a escola. E que sempre que não gostam dum desenho não digam que ele é
lindíssimo. E que - pelo seu nariz, que seja - quando sentem que uma criança
está mais ou menos tristes, estão impedidos de fazer outra coisa que não seja
apertá-la (caladinhos!) com muita força, 10 minutos.
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É urgente que os pais sejam tão reivindicativos como pais como eram como filhos
- e que, apesar disso, sejam eles a Lei - e que exijam que as crianças
participem, todos os dias, nos trabalhos da casa (sem os quais as crianças vão
de principezinhos a pequenos ditadores).
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É urgente que os pais não estejam de acordo, entre si, em relação seja ao que
for que represente mais um problema que um filho lhes coloque. Os conflitos dos
pais são os melhores amigos de todas as crianças porque é com eles que os pais
soltam a intuição e as convicções e deixem cair tudo aquilo que, parecendo
compenetrado, não tem nem entusiasmo, nem alma, nem magia.
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É urgente que os pais falem sobre os filhos: que desabafem sobre os seus medos
e compartilhem as suas dúvidas mais ridículas. E que percam a vergonha de falar
das habilidades das crianças e de como se sentiram no céu ao serem lambuzados
com um beijo. E que deixem de trazer, como se fosse por esquecimento, todas as
fotografias que bem entendam dos seus filhos, sobretudo aquelas que mais os embaracem
ou que mais os comovam.
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É urgente que os pais reconheçam que jamais deixam de ser filhos e de ser pais.
E que se não tiverem tido, vários dias, em que resmunguem contra os filhos e se
desapontem com eles é porque os estão a educar à margem da sensibilidade e da
fantasia, do afeto e da sabedoria. E, se for assim, estão condenados a ler
estes 10 mandamentos outra vez.
Eduardo Sá ( psicólogo
)
É urgente que principalmente os pais consultem este documento que é bastante útil!
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