As crianças passam grande parte do seu dia na escola a escrever, ganhando hábitos de postura errados e sendo pouco orientados sobre a forma correcta de pegar no lápis ou na caneta. O que pode ser mais preocupante do que o peso das mochilas, pois o tempo da escrita é mais prolongado.
A escrita à mão é cada vez menos valorizada socialmente. Quem o diz é João Barreiros, professor catedrático da Faculdade de Motricidade Humana (FMH), que considera “deficiente” a forma como as crianças aprendem a escrever. O alerta é para pais e professores, chamados a contrariar esta tendência e a incutir o treino da escrita nos hábitos dos mais novos – em debate hoje na FMH, num evento que promove a escrita ergonómica.
A “sobrevalorização crescente dos instrumentos de teclas”, como o computador e o telemóvel, pode ser a chave para a negligência no campo da escrita. Numa altura em que, diz João Barreiros, o papel é abundante e, por isso, mal aproveitado, o controlo da escrita torna-se mais difícil, não havendo uma “intervenção educativa” nesse sentido.
Também a organização ineficaz do espaço escolar, com mobiliário muitas vezes inadaptado às características das crianças, é prejudicial a uma escrita eficiente, adianta o catedrático. De acordo com João Barreiros, os hábitos de postura não são corrigidos porque não há um apelo dos responsáveis nesse sentido. Mais preocupante do que o peso das mochilas das crianças, assegura o professor, “é a postura” como se escreve, sobretudo porque “o tempo de escrita é mais prolongado” e merece portanto maior atenção.
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